Este estudo sobre as concepções de maternidades e paternidades no interior de
Santiago, especificamente em Ribeira da Barca, visa analisar como as técnicas
utilizadas no parto determinam a forma como se constitui a noção de pessoa, o que
abre um dialogo entre a construções de concepções de maternidade e paternidade.
Essa reflexão passa necessariamente por uma discussão da noção de pessoa como
um individuo total indivisível, onde não existe uma fronteira visível entre a natureza e
cultura. Essa forma como se constrói a noção de pessoa é verificável na maneira
como se molda o corpo na gravidez, no parto e no pós-parto. Nessa óptica, é
analisada como se dá forma ao corpo partindo do princípio que este é algo passivel
de ser moldado, dinâmico e com fluxos vitais, integrado nos ciclos da vida e do
ambiente (onde não existe uma fronteira visivel entre a natureza e a cultura). Essa
discussão permite-nos pensar as concepções de maternidades e paternidades
dependentes da relação e de vínculos que as pessoas estabelecem entre si numa
trajectória, da forma como as mesmas se constituem como pessoa. Essa análise é
extensiva a própria organização familiar que ultrapassa a consanguinidade,
constituindo, assim, numa trama de relações que as pessoas constróem entre si.