Turismo e ambiente: uma análise a partir do consumo da água na ilha da Boavista, Cabo Verde

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Data
2020
Autores
Luz, Nélida
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Resumo
Esta tese teve como principal objetivo analisar, através do consumo da água, os desafios e problemas que a sustentabilidade da atividade turística enfrenta para poder se manter e os impactos que a sua expansão tem provocado sobre o consumo de água na ilha da Boavista. Apesar de ser a terceira ilha do país em dimensão, Boavista apresenta das piores condições hidrológicas quando comparadas com as outras ilhas do arquipélago. Cerca de 58% da população residente não tem acesso à rede pública de abastecimento de água e abastece com recursos a autotanques, chafarizes ou outras formas menos seguras de acesso á água. Entretanto a ilha se encontra na linha da frente em termos de procura turística, com uma média anual de entradas superior a 200 mil visitantes por ano, apenas ultrapassada pela ilha do Sal. Para o levantamento de dados necessários para a pesquisa implementamos uma sequência de ações que incluiu o levantamento bibliográfico e documental, a recolha de dados segregados sobre a produção e o consumo de água junto da Empresa de Água e Energia da Boavista (AEB) e a realização uma sequência de entrevistas semi-estruturadas com os moradores, lideranças comunitárias e organizações da sociedade civil, gestores de empreendimentos turísticos, dirigentes e técnicos da Câmara Municipal, Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas da Boa Vista e Maio, e AEB. Concluimos que tem havido um aumento crescente em termos de consumo de água na ilha da Boavista a uma média de 5% por ano. Paralelamente o número de entradas de visitantes cresceu a uma média de 4% no mesmo intervalo temporal (2014-2018). Portanto a evolução da entrada de visitantes apresenta um comportamento semelhante ao consumo da água. A forte correlação existente entre a atividade turística e o aumento do consumo de água é ainda reforçada ao analisarmos os dados de consumo por setores de atividade. Cerca de 70% do total da água consumida na Boavista tem sido destinada aos empreendimentos turísticos. Há problemas quer na qualidade quer na equidade no acesso à água pelas comunidades mais pobres. A falta de qualidade é referênciada (pelos moradores e organizações da convivência civil) em casos em que a água disponibilizada apresenta níveis de salinidade acima dos paramêtros recomendados, mas também o sistema de transporte, armazenagem e distribuição foram considerados como sendo deficientes sobretudo nas zonas rurais e nos bairros de assentamentos informais. Portanto, o aumento do turismo não tem trazido melhorias no abastecimento e qualidade da água disponibilizada à população. Todos reconhecem que a ilha teve melhorias em vários domínios, mas estas melhorias não têm tido o devido impacto sobre as pessoas. Apesar de ter ficado evidente que há outros elementos a se ter em conta em futuros estudos, podemos considerar que existe uma relação direta entre o tamanho dos empreendimentos e o nível de eficiência no consumo de água, ou seja, quando maior é o empreendimento mais probabilidade tem de consumir mais água por cama e por hóspede.
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Luz, Nélida. 2020. Turismo e ambiente: uma análise a partir do consumo da água na ilha da Boavista, Cabo Verde. Universidade de Cabo Verde, Dissertações de Mestrado.