Microcrédito, desde uma estratégia de autonomia à igualdade de género. O caso MORABI e FAMI-PICOS na ilha de Santiago.

Abstract

O presente trabalho tem como tema políticas de atribuições de microcrédito das organizações MORABI e FAMI-PICOS e sua influência para a autonomia dos beneficiários na ilha de Santiago. O objetivo do seu desenvolvimento é analisar as políticas do microcrédito desenvolvidas pelas organizações FAMI-PICOS e MORABI e seus eventuais efeitos na autonomia dos beneficiários. Para cumprir com esse propósito, foi realizada a pesquisa qualitativa através da técnica de entrevistas com recurso à análise de conteúdo e ou discurso narrativo de vida dos beneficiários e dos agentes de credito das referidas ONGS de diferentes categorias sociais, regiões e ramo de atividade. De entre as perspetivas que abordam a questão de microfinanças e seu impacto na autonomia financeira dos beneficiários, discutimos a teoria de Poverty Lending Approch (empréstimos para os pobres) (Morduch, 2000); a teoria de Woller (2002) que aborda a questão da exclusão de famílias muito pobres do sistema de microfinanças de forma que as organizações melhorem a sua performance social; e a teoria de Pisco (2010) que anuncia que os esforços dos programas de microcrédito devem estar voltados em prol do combate à problemática estrutural da pobreza, devendo ainda disponibilizar outras formas de apoio ao pequeno empreendedor. No que se refere à contribuição das políticas do microcrédito na vida dos beneficiários, verificou-se que houve melhoria da condição de vida, pois não tinham capital para iniciar ou reforçar o negócio de forma a possibilitar uma melhor satisfação das necessidades da família. Concluiu-se que o crédito não permitiu a autonomia no empreendimento, tendo em conta que os beneficiários ficaram numa dependência direta das organizações, por um lado, devido a sucessivas solicitações do crédito, e por outro, a amortização dos valores anteriores a fim de dar continuidade ao negócio.