Hidroquímica e qualidade das águas subterrâneas da ilha de Santiago - Cabo Verde.
Hidroquímica e qualidade das águas subterrâneas da ilha de Santiago - Cabo Verde.
Data
2009
Autores
de Pina , António
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Editora
Resumo
A ilha de Santiago, Cabo Verde é uma ilha de origem vulcânica, constituída
basicamente por lavas e piroclastos, localizada no Oceano Atlântico ao lado da
costa ocidental de África. A ilha é caracterizada por três unidades
hidrogeológicas, sendo estas a Formação de Base (semi-confinada), a
Formação Intermédia (freática) e a Formação Recente (freática), que
apresentam características geológicas e comportamentos hidráulicos que as
diferenciam, recebendo recarga directa e/ ou diferida por infiltração das águas
de chuva e descarregam ao mar, na rede hidrográfica ou, ainda, em outros
níveis aquíferos subjacentes, desde que induzidos por gradientes hidráulicos
favoráveis.
O clima de Santiago é árido a semi-árido, com precipitações muito escassas e
irregulares, condicionadas na sua distribuição pela altitude, ventos e
orientação das vertentes, dando por vezes origem a períodos de seca
prolongados. Em anos de ‘boa’ chuva, as precipitações propiciam a existência
temporária de recursos hídricos superficiais e a recarga dos recursos de água
subterrânea.
Foi realizado um estudo hidrogeoquímico detalhado da ilha que incluiu a
recolha de amostras em 133 pontos de água, entre furos, poços e nascentes.
A composição química das águas analisadas na ilha de Santiago apresenta
significativas variações em função da geologia e do tempo de residência. Na
ausência de episódios de contaminação, as águas subterrâneas têm uma
composição do tipo bicarbonatada-sódica (HCO3-Na) nas zonas mais altas da
ilha, onde afloram as formações da Unidade Aquífera Intermédia. Nas zonas
mais próximas da costa ocorrem águas de composição cloretada-magnesiana
(Cl-Mg) ou cloretada-sódica (Cl-Na). Estas últimas predominam nas partes
terminais das ribeiras, onde afloram materiais de elevada permeabilidade, e o
excesso de bombagem para irrigação tem conduzido a um avanço da cunha
de intrusão marinha. A ocorrência da fácies Cl-Na é neste caso o resultado de
processos de intercâmbio catiónico que ocorrem durante o processo de
intrusão e é concordante com os elevados teores de cloretos e de
condutividade eléctrica observados.
Os resultados das análises de isótopos estáveis de oxigénio-18 e deutério,
realizadas em amostras recolhidas a distintas altitudes, revelam um gradiente
negativo com a altitude, que já tinha sido verificado em outras ilhas com
declives acentuados, permitindo assim determinar altitudes de recarga de água
subterrânea.
Os estudos hidrogeoquímicos até agora realizados permitiram caracterizar os
principais níveis aquíferos da ilha de Santiago, colocando em evidência a
limitada recarga do aquífero e o risco de gradual degradação dos recursos de
água subterrânea por fenómenos de intrusão salina e contaminação agrícola.
Estes resultados revelam a importância da gestão integrada da qualidade e
quantidade dos parcos recursos de água subterrânea na ilha de Santiago.
Descrição
Palavras-chave
Citação
de Pina, António.2009.Hidroquímica e qualidade das águas subterrâneas da ilha de Santiago - Cabo Verde. Aveiro